Tragédia do Butantã ronda museus científicos

O incêndio do Butantã, em maio, levou preocupação para os demais museus científicos. Apesar de muitas instituições reconhecerem problemas semelhantes aos do museu de São Paulo, elas não têm recursos para solucioná-los. A diretora do Museu Nacional, Claudia Carvalho, reconhece que falta treinamento contra incêndio na instituição do Rio. “Os extintores são trocados periodicamente e estão dentro da validade, mas falta treinamento. Muitas pessoas não sabem usar o extintor”, disse ela, ressaltando ser “uma delas”. A coleção é formada por cerca de 20 milhões de itens distribuídos nos acervos botânico, zoológico, geológico e antropológico.

Nilson Gabas Junior, diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, conta que recentemente a equipe se deu conta de um erro que era cometido no local. Como o álcool era comprado uma vez ao ano por meio de licitação, pesquisadores “estavam armazenando o álcool nas suas salas e nos corredores”. O acervo de zoologia do museu conta com cerca de 2,2 milhões de espécimes.

Ele apontou como algumas das demandas físicas do Goeldi a “reforma dos sistemas elétricos de todos os prédios que abrigam coleções, utilizando materiais de alto padrão de segurança e a instalação de sistemas ativos anti-incêndio, adequados a cada acervo”. Também abordou a necessidade de adquirir armários corta-fogo.

O diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Hussam Zaher, considera necessário adotar medidas emergenciais. “Aqui temos 10 milhões de espécimes na coleção”, calcula Zaher. “Um incêndio causaria uma tragédia maior que a do Butantã.” Ele aponta que a atual reitoria da USP deseja transferir o museu do Ipiranga para a Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo. “As coleções cresceram exponencialmente nas últimas décadas. Precisamos de espaço”, afirma.

Na 62.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada no mês passado, em Natal, pesquisadores de todo o País defenderam investimentos nos museus. “É preciso fazer um consórcio interministerial para que se consiga uma manutenção adequada para a preservação dos acervos”, diz Miguel Trefaut Rodrigues, da USP. Ele, que já foi diretor do Museu de Zoologia, ressalta que as coleções são ferramentas fundamentais para a educação dos graduandos.

Extraído de Veja.com

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