Óleo de cozinha é grande vilão da rede de esgoto no Grande ABC

Lixo de todo o tipo descartado incorretamente implica no pleno funcionamento da rede de esgoto, mas um item se destaca como o vilão propulsor de todo o prejuízo: o óleo de cozinha. Em 2016, as empresas responsáveis pelo esgotamento sanitário da região atenderam 24.686 demandas para a remoção de resíduos que impediam o total funcionamento do sistema, uma média de 68 chamados por dia. Em todas elas, a gordura se destaca e, em período de chuvas, as enchentes são exemplo do prejuízo que as obstruções nas redes de esgoto podem causar.

Em Santo André, que no ano passado retirou 52 m³ de resíduos da rede de esgoto, o problema é visto principalmente nas regiões que concentram restaurantes, bares e lanchonetes, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Os gastos mensais em serviços de desobstrução ficam em torno de R$ 58 mil.

Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que opera em São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, não possui a quantidade de materiais retirados da rede em cada cidade, mas explicou que o óleo, quando descartado na tubulação, endurece os canos e agrega outros resíduos. “Com o tempo, essa mistura provoca um ‘infarto’ na rede coletora e o esgoto volta para dentro de casa”, informou, em nota. A ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC recebeu 501,6 toneladas de resíduos sólidos em 2016.

Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) retirou 354,94 toneladas de lixo das tubulações em 2016. O valor médio mensal para manutenções corretiva e preventiva é de R$ 93,2 mil.

Em Mauá, a Odebrecht Ambiental fez a retirada de 30,83 toneladas de resíduos sólidos da rede de esgoto e de 589,22 toneladas de resíduos sólidos grosseiros e areia da ETE da cidade. Especificamente sobre o óleo, a empresa faz alerta. “Estima-se que um litro de óleo de cozinha tenha o potencial de poluir cerca de 1 milhão de litros de água, o que corresponderia ao consumo de água de uma pessoa em 14 anos aproximadamente.” Cerca de R$ 600 mil ao mês são gastos com manutenção e operação preventiva e corretiva do sistema público de coleta de esgoto.

Especialistas destacam a importância de se investir em educação ambiental. “Muitas pessoas jogam restos de óleo de cozinha e de alimentos no ralo das pias, achando que estão se livrando do problema de uma maneira simples. São necessários processos educativos que elevem o nível de consciência das pessoas sobre os impactos socioambientais que este tipo de comportamento gera”, pontuou o professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Metodista de São Paulo Carlos Henrique Andrade de Oliveira.

“Não basta cobrar a população. É preciso dar orientação para que as pessoas tenham suas responsabilidades”, falou a docente do curso de Engenharia Ambiental e Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Giulliana Mondelli.

Companhias de saneamento e prefeituras afirmam ter ações para a coleta e reciclagem de óleo. “Tem de ter estímulos que incentivem as pessoas a separar”, salientou Giulliana. A orientação geral é que o óleo usado seja armazenado em algum recipiente, como garrafa PET, e levado à reciclagem.

Extraído de Diário do Grande ABC

Deixe uma resposta

Top