Há vinte anos, poucos empresários consideravam importante o respeito ao meio ambiente. Atualmente é um elemento central na atividade e cada vez mais essencial na estratégia das empresas. O mesmo ocorria com a questão social, que se limitava a filantropia e ignorava até a comunidade do entorno imediato das empresas. Hoje o setor privado não só compreende a necessidade de adotar critérios baseados na sustentabilidade – ambiental e social – em suas decisões, como também de que fazê-lo é importante para a continuidade e o pleno desenvolvimento de seus negócios.
Historicamente, as empresas surgiram no mundo para fazer dinheiro e, a maximização da rentabilidade quase sempre era sinônimo de ganância. Atualmente, sabe-se que as empresas que se adaptarem a essa revolução nos negócios competirão no futuro por algumas das melhores oportunidades no futuro e provavelmente se conectarão com maior força aos seus próprios valores, aos de seus clientes e aos de seus funcionários.
Para o setor privado é essencial entender que a humanidade está atravessando uma verdadeira revolução socioambiental a qual busca soluções para os problemas que nos colocam em risco permanente. E é inevitável que uma grande parte da agenda da sustentabilidade recaia sobre as empresas. São sinais claros destas mudanças a unanimidade global que vai se formando em torno da necessidade da substituição dos combustíveis fósseis como fonte de energia, o que tem provocado um rápido envolvimento das grandes montadoras de veículos na fabricação de carros elétricos.
As empresas automobilísticas vêm adotando medidas visando a crescente substituição da forma tradicional de produção energética por outras menos poluentes. A multinacional sueca Volvo anunciou que a partir de 2019 todos os veículos de modelo novo que produzirá serão 100% elétricos ou híbridos. A Toyota começará as vendas de seu carro elétrico em 2022.A Renault-Nissan, a Ford e a Volkswagen anunciaram planos para produzir carros elétricos em parceria com empresas chinesas. A empresa britânica Jaguar Land Rover informou que, a partir de 2020, toda a sua linha terá motores híbridos – combinando combustão e eletricidade – ou 100% elétricos. E a alemã BMW produzirá carros elétricos em massa a partir de 2020.
Muitas empresas estão se empenhando em encontrar resultados concretos para a problemática ambiental e consolidar boas práticas de gestão sustentável. A sociedade por sua vez, está mais consciente de sua responsabilidade, modificando comportamentos e hábitos de consumo.
Os governos, em todos os níveis, estão buscando soluções regulatórias para a solução de problemas ambientais. Regulamentação do governo chinês, que entrará em vigor no próximo ano, dispõe que todas as montadoras produzam uma cota de veículos elétricos. França e Reino Unido proibirão a venda de veículos a gasolina e a diesel a partir de 2040. A Noruega só permitirá a venda de automóveis elétricos e híbridos a partir de 2025. Dando continuidade a um acordo assinado em 2016 por inúmeros prefeitos, as municipalidades alemãs de Berlim, Bremen, Dresde, Essen, Frankfurt, Hamburgo, Hannover e outras começaram a proibir a entrada de veículos a diesel em 2017; Barcelona fará o mesmo em 2019; Paris em 2020; Madri e a capital mexicana, em 2015.
Diante desse panorama, as empresas devem se preocupar, cada vez mais, em adotar medidas para se tornar sustentáveis. Em primeiro lugar, falar de sustentabilidade dentro da empresa deve ser um tema prioritário. Tanto o fator humano, como o ambiental, são dois elementos que mantém as atividades que uma organização realiza, e portanto, converter-se em uma empresa sustentável não somente é uma forma de investir no futuro das próximas gerações, mas um meio para conseguir maior permanência no mercado.
Como todo processo dentro da organização, a sustentabilidade deve ser encaminhada de acordo com um plano de gestão estratégica da sustentabilidade. É fundamental que os objetivos se identifiquem com a missão e a visão da empresa e que possam ser integrados ao seu plano estratégico. As metas e ações propostas, devem estar vinculadas com os aspectos sociais, econômicos e ambientais no contexto local, nacional e internacional. É vital que as organizações assumam a responsabilidade com o seu entorno no qual desenvolverão suas ações de geração de valor social, ambiental e econômico, num horizonte de curto, médio e longo prazo.
Como resultado da adoção de uma estratégia voltada para a sustentabilidade, a empresa se torna uma organização que gera valor agregado e contribui para a mudança de mentalidade de toda a comunidade, do mercado e terá uma rentabilidade superior.
*Reinaldo Dias – Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Sociólogo, Mestre em Ciência Política e Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.
Colaboração de Tatiane Costa, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/09/2017