A instalação de grandes redes ao longo de encostas e montanhas para captar água da umidade do ar atmosférico trouxe esperanças de uma via alternativa para suprir de água potável milhões de pessoas que vivem em climas áridos e semiáridos em todo o mundo.
Mas os resultados não têm sido os esperados: mesmo com altos níveis de umidade, é difícil projetar a rede ideal para lidar com as condições variáveis do ambiente.
Se os orifícios da malha forem muito grandes, as gotículas de água da neblina passam direto e não são capturadas. Se a malha for muito fina, a rede captura mais água, mas as gotículas “entopem” a malha, sem escorrer pelo coletor, interrompendo a coleta.
O recado de Weiwei Shi e seus colegas da Universidade de Tecnologia Virgínia, nos EUA, é simples: Esqueça as redes; use harpas.
A “harpa” que Shi projetou é um sistema simples de fios instalados verticalmente com intervalos regulares – como as cordas de uma harpa.
Como as gotas da água coletada precisam descer por gravidade até o coletor, nada mais natural do que remover os fios horizontais e inclinados – natural, mas ninguém havia pensado nisso antes. Como não há buracos para que a água fique presa devido à sua tensão superficial, toda ela desce, aumentando drasticamente a coleta.
Com o sucesso do protótipo em escala de laboratório, a equipe já construiu uma harpa maior, com 700 fios, e está colocando-a em uma região típica para a coleta de água a partir da umidade do ar ambiente, onde o rendimento poderá ser monitorado ao longo das quatro estações.
O sistema deverá custar mais caro do que as redes, já que ele precisa ser construído em módulos com bordas rígidas, para manter os fios alinhados verticalmente e devidamente espaçados. Mas a diferença de preço pode valer a pena para quem não dispõe de outras formas de conseguir água potável.
Extraído de inovacaotecnologica.com.br